sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Lápide 016 - Dan O'Bannon (1946-2009)


Nascido no Missouri, Dan O'Bannon faleceu hoje, 18 de dezembro de 2009, após breve agonia. Talento versátil nas mais diversas áreas da produção do fantástico cinematográfico, acabou esquecido e deixado para trás dentro de uma indústria do cinema hiper-especializada e focada não tanto nas imaginativas soluções narrativas e visuais mas no impacto veloz de imagens bem ou mal construídas por CGI.

O'Bannon ficou razoavelmente conhecido por suas parcerias com diretores do cinema fantástico que, nos anos 1970, buscavam a transcendência dos batidos gêneros – terror, SF, fantasia, etc. – que soavam como camisa de força limitadora. Com John Carpenter, trabalharia como roteirista, supervisor de efeitos especiais e ator em Dark Star (idem, 1973), estranho objeto fílmico entre a comédia surrealista e a SF tradicional. Depois, trabalharia pioneiramente com CGI em Star Wars: Episódio IV - Uma Nova Esperança (Star Wars: Episode IV - A New Hope) de George Lucas, projetando algumas das cenas mais emblemáticas daquele filme (como a destruição da Estrela da Morte, aliás uma idéia que parece ao menos sugerida por Dark Star), o melhor da longa e burocrática série de Lucas. Sua criação mais famosa, contudo, seria a mescla de SF e terror gótico de Alien, o Oitavo Passageiro (Alien, 1979); o sombrio, claustrofóbico e sujo universo da nave Nostromo e das criaturas que crescem como bebês – ou vermes – na barriga de um hospedeiro perduraria e efetuaria revolução no universo de assepsia científica da SF cinematográfica. O'Bannon escreveria ainda o roteiro do brilhante Força Sinistra (Lifeforce, 1985), de Tobe Hooper e trabalharia em duas adaptações de Philip K. Dick, O Vingador do Futuro (Total Recall, 1990), de Paul Verhoeven, e Assassinos Cibernéticos (Screamers, 1995), de Christian Duguay.

Talvez por isso O'Bannon tenha sido contatado por Alejandro Jodorowsky: seu nunca filmado Dune contaria com aquele pioneiro da CGI para cuidar dos efeitos visuais e de computação gráfica. Como O'Bannon, Jodorowsky imaginava a SF como um campo simbólico e alegórico dotado de infinita liberdade. Infelizmente, tal visão não predominaria, embora, diluída, surja como imagens de pesadelo – máquinas exterminadoras de planetas, criaturas alinígenas que brotam de corpos humanos em explosões fálicas, mescla apocalíptica de fantasia científica e horror primitivo – no cinema fantástico atual.

Alcebiades Diniz Miguel