segunda-feira, 25 de setembro de 2006

Lápide 005 – Sven Nykvist (1922-2006)


A arte da fotografia é uma das mais complexas e exigentes dentre as múltiplas artes que o cinema – êmulo mais perfeito da “obra de arte total” wagneriana – necessita lançar mão. Tal arte possui sua própria história, marcada por alguns certos cumes qualitativos. Entre eles, está sem dúvida a obra do fotógrafo Sven Nykvist, nascido em 1922 e morto dia 20 de setembro, em uma casa de repouso na qual estava internado, devido às complicações de uma afasia progressiva. Premonitórios da doença que o levaria a morte – a afasia, ou perda da capacidade de comunicação por palavras – são os filmes cuja direção de fotografia assinou, pesados e densos em imagens plenas de significado comunicativo que estão para muito além das mil palavras que cada imagem, usualmente, costuma valer.

Grandes fotógrafos do cinema estabeleceram parcerias, longas ou breves, que revolucionariam o meio: F. W. Murnau e Robert Flaherty, Gregg Toland e Orson Welles/John Ford, Sacha Vierny e Alain Resnais, Anthony Dod Mantle e Lars Von Trier. Nykvist, embora tenha trabalhado com outros diretores – como Woody Allen, Phillip Kaufmann e Bob Fosse – estabeceleu parceria com Ingmar Bergman, e a relação sinérgica com o diretor sueco. Um dos exemplos máximos dessa parceria é a “trilogia do silêncio” – Através de um Espelho (Såsom I En Spegel, 1961), Luz de Inverno (Nattvardsgästerna, 1962) e O Silêncio (Tystnaden, 1963) – e seus tons pesados de preto e branco e enquadramentos reveladores, perfeitos para a complexidade da trama. Ganhou o Oscar em duas ocasiões, por seu esplêndido trabalho de fotografia em Gritos e Sussurros (Viskningar och rop, 1972) e Fanny e Alexander (Fanny och Alexander, 1982). Dirigiu alguns poucos filmes, que não alcançariam a sutileza e genialidade de sua fotografia.

Uma boa parte da produção de Nykvist como fotógrafo de Bergmam foi lançada, no Brasil, pela Versátil Home Video, em cópias de excelente qualidade.

- Site da Versátil

Alcebiades Diniz Miguel