terça-feira, 18 de abril de 2006

Lápide 003 - Vilgot Sjöman (1924-2006)


Em conseqüência de um derrame cerebral, faleceu, em 10 de abril, o escritor e cineasta sueco Vilgot Sjöman, um discípulo de Ingmar Bergman, que chocou o público da época ao tornar-se um dos primeiros diretores a mostrar no cinema cenas de sexo de maneira realista, em filmes como A amante (Aelskarinnan, 1962); 491 (idem, 1964), adaptado do romance de Lars Goerling; e o díptico Sou curiosa, amarelo (Jag aer nyfiken-gul, 1967) e Sou curiosa, azul (Jag aer nyfiken-blaa, 1968), cujos títulos referem-se às cores da bandeira sueca: não se limitando ao erotismo, a obra de Sjöman engaja-se numa crítica política da sociedade. O cineasta, contudo, só adquiriu fama pelo forte conteúdo sexual de seus filmes, chegando a ser processado diversas vezes, principalmente nos Estados Unidos, por obscenidade e pornografia. Hoje, as cenas de sexo dos filmes de Sjöman podem parecer ingênuas diante da freqüência com a qual os novos cineastas passaram a abordar o ato sexual de maneira escancarada, e geralmente distante de qualquer propósito crítico, em filmes pífios como 9 canções (9 Songs, Inglaterra, 2004), de Michael Winterbottom, e The Brown Bunny (idem, EUA, 2003), de Vincent Gallo. Se Sjöman quebrou tabus da representação sexual, avançando estética e politicamente, a pornografia no atual cinema mainstream não pretende quebrar tabus sociais, limitando-se a refletir o caos social e a perda dos limites.

DVDs disponíveis:

- I Am Curious... (I Am Curious Yellow/I Am Curious Blue Set) - edição da Criterion Collection.

José Rodrigo Gerace